
Adoração na Igreja: Um Chamado à Entrega e Reverência
Introdução
A igreja existe para um propósito fundamental: adorar a Deus e compartilhar o Seu amor com o mundo. Mas, o que realmente significa adorar? Pensando na essência dessa prática, mergulhamos nas palavras de 1 Pedro, que nos apresenta a igreja como um povo singular, separado para a adoração. Originalmente, a palavra “adoração” nos lembra de um gesto de profunda reverência, de se inclinar perante alguém com respeito e admiração. Neste contexto, a adoração é um culto dedicado ao Senhor, uma experiência que, como Jesus mesmo ensinou em João, deve acontecer em “espírito e em verdade”.
O apóstolo Pedro descreve a igreja de maneira especial, como um “povo escolhido” e “povo de Deus”. Foi o próprio Senhor quem constituiu este povo, a Igreja, com o objetivo de oferecer a Ele sacrifícios espirituais. Essa forma de adoração se diferencia daquela praticada pelos descendentes de Abraão, que acabaram perdendo esse privilégio por causa da incredulidade e de uma religiosidade superficial, como nos adverte Mateus. Mas, afinal, como nós, enquanto igreja, podemos adorar a Deus de maneira genuína?
1. A Essência da Adoração: Rendição e Reverência
O Ato de Entregar-se Completamente
Adorar é, acima de tudo, um ato de entrega total a Deus. É chegar diante Dele com reverência, humildade e gratidão, com o único propósito de glorificá-lo. Essa entrega não é apenas um ritual, mas uma postura do coração, impulsionada pelo Espírito Santo. Ele nos capacita a adorar com profundidade e verdadeiro temor.
Servindo por Amor e Gratidão
A adoração é também um serviço precioso que prestamos a Deus, motivados pelo amor e pela gratidão. Não é uma obrigação pesada, mas uma resposta espontânea ao Seu amor infinito, inspirada pela ação do Espírito Santo em nós.
A Necessidade de Reverência
Para adorar verdadeiramente, precisamos de reverência. Deus é infinitamente majestoso, poderoso, santo, bom, amoroso e glorioso. Essa consciência nos leva a servi-lo com respeito, fervor, sinceridade e total dedicação. Adoração e reverência caminham juntas em nosso culto, reconhecendo que Ele é o Senhor, o Criador de tudo.
2. A Natureza Íntima da Adoração
Uma Experiência que Vem de Dentro
A adoração é primordialmente uma experiência interior. O Salmista nos convida em Salmos: “Venham! Vamos adorá-lo! Vamos nos ajoelhar e louvar o Senhor, nosso Criador! Pois ele é o nosso Deus, e nós somos o povo que ele guia, somos ovelhas do seu rebanho”. O salmista exalta a Deus por quem Ele é e pelo que faz. Sendo Deus infinito, as formas de adorá-lo são diversas, guiadas pelo Espírito Santo. N’Ele vivemos, nos movemos e existimos, e a adoração é essa atitude interna de quem crê, teme, ama e serve ao Eterno. É uma necessidade espiritual de quem reconhece a grandeza do Criador.
Testemunho da Redenção
A adoração é uma prova da redenção. A igreja desempenha um papel crucial na obra de salvação de Jesus. Embora a igreja não salve, é através dela que a mensagem da salvação se espalha e é recebida. O crente, liberto da condenação do pecado, vive em santidade prática, vencendo o pecado por meio de Cristo e da fé. Na adoração e no ensino da Palavra, a realidade do pecado é revelada e a necessidade de salvação se torna evidente. Quem experimentou a redenção deseja adorar ao Senhor que o libertou.
3. Adoração como Serviço Cristão
O Culto e a Liturgia
Adoração é um serviço prestado ao Senhor, presente na liturgia, o conjunto de elementos que compõem nosso culto. Em 2 Coríntios, ao falar da ajuda financeira aos irmãos necessitados, a palavra “serviço” é utilizada. A oferta, como expressão de gratidão e para sustento da obra de Deus, é um ato de adoração. O apóstolo Paulo, em Filipenses, usa o termo para descrever o “serviço da fé”, o esforço dedicado à obra de Cristo. Assim, a adoração se manifesta no culto, nas ofertas e no trabalho em prol do Reino.
Unidos em Cristo
Adorar é estar unido a Cristo. Essa união se manifesta na celebração da Santa Ceia, um memorial da vida, sofrimento e glória de Jesus, que promove a comunhão entre os irmãos. Jesus usa a imagem da videira e dos ramos para ilustrar essa união vital entre Ele e a Igreja. Ele nos diz em João: “Fiquem unidos comigo, e eu ficarei unido com vocês. Pois, assim como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, mas precisa estar unido com a videira, assim também vocês não podem dar fruto se não ficarem unidos comigo. Quem fica unido comigo, e eu com ele, esse dá muito fruto; pois sem mim não podem fazer nada”. Permanecer em Cristo diariamente, nutrido pelo Espírito Santo, é essencial para uma vida de adoração. Assim como o corpo depende da cabeça, a Igreja e Cristo formam uma unidade indivisível, da qual cada crente participa ao permanecer no Senhor.
Conclusão
Não precisamos de objetos materiais ou amuletos para sentir a presença de Jesus. Ele está presente pelo Espírito Santo em nossa igreja e em nossos corações. Essa presença dinâmica é a fonte da nossa adoração, expressa em cânticos, dons espirituais e no ensino da Palavra. Como nos lembra Paulo em Colossenses: “Portanto, já que vocês ressuscitaram com Cristo, procurem as coisas que são do alto, onde Cristo está sentado ao lado direito de Deus. Pensem nas coisas que são do céu e não nas coisas da terra”. Nosso espírito habita com Ele nos lugares celestiais. Por que nos contentar com menos?
Aplicações Práticas: Lembremos do exemplo de Abraão em Gênesis. Primeiro, ele obedeceu ao chamado de Deus. Como está escrito: “Disse aos seus empregados: — Fiquem aqui com o jumento. O moço e eu vamos até lá para adorarmos a Deus; depois voltaremos para cá”. Depois, ele serviu, preparando tudo para o sacrifício. Finalmente, ele adorou, reconhecendo quem Deus era. Adoração completa envolve obedecer, servir e louvar. Louvarmos a Deus através da música, meditando em bons hinos. Louvarmos através da memorização das Escrituras, guardando a Palavra em nossos corações. Louvarmos em nossos momentos diários, interrompendo nossas atividades para cantar louvores. Somos chamados a adorar como Abraão, cuja fidelidade era maior que o monte Moriá, cujo amor por Deus superava o amor por seu filho. Às vezes, adorar exige esforço e sacrifício. Pense nas vezes em que chuva, frio ou calor o impediram de adorar. Ou quando a preocupação com a roupa o afastou da igreja. Abraão, diante do desafio de sacrificar seu filho, certamente veria essas dificuldades como insignificantes.